Florence Nightingale

"A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!"

Banho no Leito

 

O cuidado corporal constitui uma das necessidades humanas básicas. O banho no leito é uma prática de higiene que envolve diversas ações, como o cuidado com a pele, cabelos e unhas, que promovem e mantêm a saúde dos indivíduos. É responsável também por ativar a circulação, promover o relaxamento muscular e garantir o conforto/satisfação do paciente. É considerado um momento propício para a avaliação da pele do indivíduo e para o fortalecimento das relações interpessoais com o paciente, ouvindo suas queixas e desconfortos.



Durante a execução do procedimento, o paciente pode vivenciar sentimentos de ansiedade e medo, bem como desconfortos; a equipe de enfermagem deve, portanto, interagir com esse paciente e orientá-lo adequadamente. Um estudo que avaliou o impacto da orientação de enfermagem em relação ao banho no leito mostrou que houve redução da ansiedade desses pacientes. Além da orientação, a técnica deve ser executada adequadamente. Sua execução inadequada aumenta o consumo de oxigênio, reduz a saturação de oxigênio  e aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial.


No contexto oxi-hemodinâmico, um ensaio clínico não controlado com 20 pacientes acometidos por infarto agudo do miocárdio que avaliou as variáveis de frequência cardíaca, temperatura axilar e saturação de oxigênio, em três momentos distintos, submeteu pacientes a banhos com água em temperatura constante de 40ºC e comparou com banhos em que a temperatura da água variava entre 42,5ºC e 42,6ºC.



Os resultados mostraram que o ajuste da temperatura do banho considerando a temperatura do ambiente e a corporal minimizam o impacto do procedimento sobre a saturação de oxigênio e a frequência cardíaca. Outro estudo randomizado não controlado com 15 pacientes infartados analisou o efeito do tempo de banho sobre o índice de oferta de oxigênio (IDO) No estudo, utilizou-se água em temperatura constante de 40ºC e tempo médio de banho de 15 minutos. Os resultados mostraram que o tempo de banho foi diretamente proporcional à oferta de oxigênio e ao trabalho cardíaco do ventrículo esquerdo. 

 

Um ensaio clínico randomizado não controlado com 23 pacientes infartados, submetidos ao banho no leito de forma tradicional, ou seja, sem a manipulação térmica da água, analisou diferentes momentos e demonstrou o efeito do banho no aumento da pressão arterial sistólica e média, no trabalho cardíaco e no consumo de oxigênio pelo miocárdio. O que se pôde observar é que a lateralização, tanto para o lado direito quanto para o esquerdo, tem impacto significativo na hemodinâmica dos pacientes submetidos a tal intervenção.

Evidências apontam ainda que a instabilidade oxi-hemodinâmica, em sua maioria, é transitória. Ressalta-se que, para haver um equilíbrio entre os riscos e os benefícios da intervenção, deve-se determinar o tempo da mudança de decúbito, o acompanhamento deve ser constante para identificar a tolerância do paciente, deve ser realizada em um intervalo de tempo entre 5 a 10 minutos e deve-se atentar para a posição lateral esquerda, pois pode aumentar o trabalho cardiovascular. 


Definição

É o banho realizado no leito, com o objetivo de higienizar o paciente, garantindo

seu conforto e bem-estar e prevenindo infecções relacionadas à assistência à saúde.


Indicação

É recomendado para os indivíduos dependentes dos cuidados de enfermagem

por uma limitação funcional ou que necessitam do repouso absoluto no leito por

uma limitação clínica. É contraindicado para pacientes clinicamente instáveis e

no pós-operatório imediato. Esse procedimento deve ser realizado 1 vez ao dia

ou sempre que necessário. 


Aspectos legais

O banho no leito foi definido como mais do que uma simples intervenção rotineira executada pela enfermagem. Entretanto, observa-se que tal procedimento não recebe a devida importância, sendo frequentemente preterido. Em pesquisa desenvolvida com 60 alunos de graduação em Enfermagem, cursando a disciplina de Fundamentos II, foram distribuídos questionários, dos quais  foram obtidas opiniões sobre a realização do banho no leito. Os aspectos negativos apresentados foram o sentimento de pena pelo paciente, constrangimento, tensão, medo, vontade de desistir do curso, além de aversão e repulsa, o que perpassa a barreira do pudor, da vergonha e do corpo nu, demonstrando resistência ao procedimento. A relação entre o profissional de enfermagem e seu paciente constitui-se numa interface essencial para o cuidado humanizado. Deve-se considerar que essa relação é permeada de diferenças culturais, religiosas, sexuais, de valores e ideológicas. 

O posicionamento ético e o respeito à privacidade do ser humano são, portanto, indispensáveis para a concretização e a acreditação de uma assistência qualificada. O banho no leito deve ser executado por dois profissionais treinados (enfermeiros, técnicos ou auxiliares de enfermagem), que devem garantir a privacidade dos pacientes. Nos pacientes críticos e instáveis, esse procedimento deve ser realizado por técnicos de enfermagem e enfermeiros, sendo que a supervisão direta do enfermeiro, nesses casos, é sempre necessária.


Material necessário


*    1 bacia de inox

*    1 jarro de inox

*    Água na temperatura da preferência do paciente

*    1 comadre

*    6 compressas para banho

*    Toalha de banho

*    Toalha de rosto

*    3 lençóis

*    1 fronha

*    2 aventais descartáveis

*    1 sabonete neutro

*    Creme hidratante

*    1 almotolia de álcool etílico a 70%

*    1 caixa de luva de procedimento

*    1 mesa acessória

*    1 hamper (e, se necessário, 1 biombo, xampu, condicionador,

*    1 saco plástico para cobrir o acesso venoso e fita micro-porosa).

 

Fonte.:  Juliana de Lima Lopes, Dalmo Machado, Monyque Evelyn dos Santos Silva, Fernanda Faria Reis - Procedimentos de Enfermagem - Alba Lúcia Bottura Leite de Barros.






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