Banho no Leito
O cuidado corporal constitui uma das
necessidades humanas básicas. O banho no leito é uma prática de higiene
que envolve diversas ações, como o cuidado com a pele, cabelos e unhas,
que promovem e mantêm a saúde dos indivíduos. É responsável também por
ativar a circulação, promover o relaxamento muscular e garantir o
conforto/satisfação do paciente. É considerado um momento propício para a
avaliação da pele do indivíduo e para o fortalecimento das
relações interpessoais com o paciente, ouvindo suas queixas e
desconfortos.
Durante a execução do procedimento, o
paciente pode vivenciar sentimentos de ansiedade e medo, bem como
desconfortos; a equipe de enfermagem deve, portanto, interagir com
esse paciente e orientá-lo adequadamente. Um estudo que avaliou o impacto
da orientação de enfermagem em relação ao banho no leito mostrou que houve
redução da ansiedade desses pacientes. Além da orientação, a técnica deve
ser executada adequadamente. Sua execução inadequada aumenta o consumo de
oxigênio, reduz a saturação de oxigênio e aumenta a frequência
cardíaca e a pressão arterial.
No contexto oxi-hemodinâmico, um ensaio
clínico não controlado com 20 pacientes acometidos por infarto agudo do miocárdio que
avaliou as
variáveis de frequência cardíaca, temperatura axilar e
saturação de oxigênio, em três momentos distintos, submeteu pacientes a
banhos com água em temperatura constante de 40ºC e
comparou com banhos em que a temperatura da água
variava entre 42,5ºC e 42,6ºC.
Os resultados mostraram que o ajuste da temperatura do banho considerando a temperatura do ambiente e a corporal minimizam o impacto do procedimento sobre a saturação de oxigênio e a frequência cardíaca. Outro estudo randomizado não controlado com 15 pacientes infartados analisou o efeito do tempo de banho sobre o índice de oferta de oxigênio (IDO) No estudo, utilizou-se água em temperatura constante de 40ºC e tempo médio de banho de 15 minutos. Os resultados mostraram que o tempo de banho foi diretamente proporcional à oferta de oxigênio e ao trabalho cardíaco do ventrículo esquerdo.
Um ensaio clínico randomizado não
controlado com 23 pacientes infartados, submetidos ao banho no leito de
forma tradicional, ou seja, sem a manipulação térmica da água, analisou
diferentes momentos e demonstrou o efeito do banho no aumento da pressão
arterial sistólica e média, no trabalho cardíaco e no
consumo de oxigênio pelo miocárdio. O que
se pôde observar é que a
lateralização, tanto para o
lado direito quanto para o
esquerdo, tem impacto significativo na hemodinâmica dos pacientes submetidos a
tal intervenção.
Evidências apontam ainda que a instabilidade oxi-hemodinâmica, em sua maioria, é transitória. Ressalta-se que, para haver um equilíbrio entre os riscos e os benefícios da intervenção, deve-se determinar o tempo da mudança de decúbito, o acompanhamento deve ser constante para identificar a tolerância do paciente, deve ser realizada em um intervalo de tempo entre 5 a 10 minutos e deve-se atentar para a posição lateral esquerda, pois pode aumentar o trabalho cardiovascular.
Definição
É o banho realizado no leito, com o objetivo de higienizar o paciente, garantindo
seu conforto e bem-estar e prevenindo
infecções relacionadas à assistência à saúde.
Indicação
É recomendado para os indivíduos dependentes dos cuidados de enfermagem
por uma limitação funcional ou que
necessitam do repouso absoluto no leito por
uma limitação clínica. É
contraindicado para pacientes clinicamente instáveis e
no pós-operatório imediato. Esse
procedimento deve ser realizado 1 vez ao dia
ou sempre que necessário.
Aspectos legais
O banho no leito foi definido como mais do que uma simples intervenção rotineira executada pela enfermagem. Entretanto, observa-se que tal procedimento não recebe a devida importância, sendo frequentemente preterido. Em pesquisa desenvolvida com 60 alunos de graduação em Enfermagem, cursando a disciplina de Fundamentos II, foram distribuídos questionários, dos quais foram obtidas opiniões sobre a realização do banho no leito. Os aspectos negativos apresentados foram o sentimento de pena pelo paciente, constrangimento, tensão, medo, vontade de desistir do curso, além de aversão e repulsa, o que perpassa a barreira do pudor, da vergonha e do corpo nu, demonstrando resistência ao procedimento. A relação entre o profissional de enfermagem e seu paciente constitui-se numa interface essencial para o cuidado humanizado. Deve-se considerar que essa relação é permeada de diferenças culturais, religiosas, sexuais, de valores e ideológicas.
O posicionamento ético e o respeito à privacidade do ser humano são, portanto, indispensáveis para a concretização e a acreditação de uma assistência qualificada. O banho no leito deve ser executado por dois profissionais treinados (enfermeiros, técnicos ou auxiliares de enfermagem), que devem garantir a privacidade dos pacientes. Nos pacientes críticos e instáveis, esse procedimento deve ser realizado por técnicos de enfermagem e enfermeiros, sendo que a supervisão direta do enfermeiro, nesses casos, é sempre necessária.
Material necessário
1 bacia de inox
1 jarro de inox
Água na temperatura
da preferência do paciente
1 comadre
6 compressas para
banho
Toalha de banho
Toalha de rosto
3 lençóis
1 fronha
2 aventais
descartáveis
1 sabonete neutro
Creme hidratante
1 almotolia de
álcool etílico a 70%
1 caixa de luva de
procedimento
1 mesa acessória
1 hamper (e, se
necessário, 1 biombo, xampu, condicionador,
1
saco plástico para cobrir o acesso venoso e fita
micro-porosa).
Fonte.: Juliana de
Lima Lopes, Dalmo Machado, Monyque Evelyn dos Santos Silva, Fernanda Faria Reis
- Procedimentos de Enfermagem - Alba Lúcia Bottura Leite de Barros.