Florence Nightingale

"A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!"

Sepse o que mudou?

 


Epidemiologia

A sepse é uma das principais preocupações atuais em saúde, responsável por gasto de 20 bilhões de dólares nos hospitais dos Estados Unidos, em 2011. Apenas seus casos suspeitos somam cerca de meio milhão de visitas nas unidades de emergência no mesmo país. Dentre todas as admissões, 50% são tratadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), representando 10% das ocupações nesse setor.

Os casos de sepse têm aumentado através do tempo como reflexo do envelhecimento populacional e maior número de comorbidades nessa população e, apesar de sua incidência real ser desconhecida, estimativas mostram que essa condição é a principal causa de morte e doença grave ao redor do mundo.

Além da alta mortalidade, os doentes críticos que sobrevivem à doença comumente apresentam sequelas físicas, psicológicas e cognitivas, gerando consequências relacionadas tanto à saúde pública quanto à esfera social. 


Definições: o que mudou?!

Antes da atualização de 2016, sepse era considerada uma resposta inflamatória sistêmica (SIRS) secundária à resposta do hospedeiro a uma infecção suspeita ou documentada de qualquer etiologia.

Nesta condição, a infecção desencadearia uma resposta imunológica exacerbada com disfunções orgânicas longe do foco ou sítio infeccioso. Abaixo revisamos alguns conceitos importantes de acordo com as definições de 2012:

Sepsis-2: Definições e critérios:

CRITÉRIOS DE SIRS:

Temperatura

Febre (> 38ºC) ou Hipotermia (< 36ºC)

Frequência cardíaca

FC > 100 bpm

Frequência respiratória

FR > 22 ipm ou PaCO2 < 32 mmHg

Contagem de leucócitos

> 12mil ou < 4mil ou > 10% de bastonetes

 

SEPSE: Resposta inflamatória sistêmica relacionada à infecção documentada ou presumida | Infecção + SIRS >= 2

SEPSE GRAVE: sepse associada à disfunção orgânica

CHOQUE SÉPTICO: sepse com hipotensão refratária à reposição volêmica.

Como então avaliar a disfunção orgânica de um paciente? Diante dessa questão, sugeriu-se a utilização do Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment (SOFA), um score que avalia disfunção de 6
sistemas do corpo através de exames laboratoriais.

Foi encontrada então a correlação de que um aumento ≥ 2 na pontuação do SOFA estava associada com disfunção orgânica com risco de mortalidade de 10%, aproximadamente. Abaixo vocês podem conferir os critérios do SOFA:


Entretanto, para utilizarmos esse critério, para definir sepse, nos limitamos a exames laboratoriais para traçarmos nossas condutas. Dessa forma, a força-tarefa propôs um uma modificação no SOFA, o quick SOFA (qSOFA),
que avalia 3 critérios para avaliar precocemente pacientes graves com suspeita de sepse em ambientes de emergência, ou à beira-leito. Considera-se como alterado um qSOFA ≥ 2:

  • FR >= 22 ipm
  • PAS <= 100 mmHg
  • Alteração do nível de consciência

Novas definições de sepse

Com o SEPSIS-3 surgiram novas definições de sepse choque séptico:

Sepse: Disfunção orgânica com risco de vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção (definida como um score SOFA ≥2 pontos)

Choque séptico: Sepse associada à persistência de hipotensão, necessitando de vasopressores para manter PAM ≥ 65mmHg e com um nível de lactato sérico >2mmol/L apesar da reposição volêmica adequada; Como diagnosticar sepse?

De acordo com o Sepsis-3, o diagnóstico atual na emergência se dá dessa forma:

Pacientes com infecção devem ser averiguados os critérios do qsofa. Se qSOFA >= 2, deve-se realizar os exames do SOFA. Se SOFA >=2, paciente está com um quadro séptico e deve ser adotado o 1-Hour Bundle para manejar inicialmente o quadro.

Considerações finais

Entender a sepse é entender como a disfunção orgânica ocorre e, assim, aumentar as oportunidades para intervenção. A melhora nos critérios diagnósticos através do SOFA e do qSOFA proporcionou um reconhecimento mais rápido e dinâmico dos pacientes possivelmente infectados e da disfunção, agilizando o tratamento, o qual representa a principal medida para reduzir a morbidade e mortalidade, além de outras medidas, tais quais tempo de internação, internação em UTI, tempo de antibiótico, sucesso na ressuscitação volêmica, entre outros.

Mesmo após todas as mudanças e desenvolvimento presenciado no último consenso, a sepse continua sendo uma condição elucidada de forma incompleta. Portanto, o processo permanece em progresso e os próximos estudos serão de enorme valia para as novas descobertas no campo da sepse e choque séptico, assim como no manejo e tratamento deles.

 

 

 

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